24 fevereiro 2010

Carta



Hoje escrevo algo pessoal, algo que não mais consigo guardar cá dentro... Não tenciono, de maneira nenhuma, tornar pública esta história..Não! Para o fazer, seria contigo e a teu lado...Talvez um dia... Não quero ser atropelada com palavras... Quero escrever, escrever e escrever aquilo que me consome todos os dias... Por isso escrevo-te:
Querido M.,

Ainda me lembro do dia em que nos conhecemos... No café, fui apresentada a todos eles...sentia os olhares, algo que (ainda hoje) me deixa "sem jeito"... Estranhamente, a tua indiferença deixou algo a desejar, cultivou-me...estavas sentado a ler o jornal - se não estou em erro, o Record! - no teu mundo... Chamaram por ti e, nesse momento, os nossos olhares encontraram-se... Despertaste o meu interesse, atiçaste todos os meus sentidos.... Subitamente, o meu coração..acordou...
Dias passaram sem te avistar... Hoje, penso: foi assim que tudo começou...
"A Intérprete" apanhou-nos!!! Sem perceber o que estava a ver, tu, muito paciente, explicaste-me..sim, eu lembro-me - não da explicação em sim - mas da tua voz, melodia do meu coração...
No caminho para casa, os meus pensamentos pulavam na minha cabeça. Nessa noite, adormeci com a tua voz ao meu ouvido. Algo mágico, peculiar que não sei se irei vivê-lo uma vez mais...
Uns tantos dias se passaram, sem de ti nada saber. Tudo o que pedia era mais um segundo contigo..mas nada.. um dia passou passou, outro passou e tu?? No meu pensamento..Tentava fazer delete, mas (agora) penso que essa tecla é aquela que está avariada....
Chegou o dia, ou melhor a noite..em que te vi! Inesquecível.... A tua atenção, o teu carisma, o teu carinho...embasbacou-me! A tua companhia, o teu cheiro, o teu olhar...ahhhhh....tudo isso surtiu um efeito (estranho!) em mim... Ei-lo! O primeiro beijo (roubado), mas o primeiro (sim fui eu!). Deves ter pensado "menina atrevida, esta!" - agora que escrevo imagino-te a dizê-lo com aquele teu jeitinho, de sorriso escondido....
As minhas memórias levam-me àquele dia de Novembro, um ao lado do outro... Fizeste-me "a" pergunta..sabes qual foi a minha resposta...
Assim pensei eu... a magia desapareceu, a cor desvaneceu..e os espinhos apareceram... Foste apanhado por eles..não te censuro..apenas sonhei que fosses mais forte, um sonho sabes??

As boas recordações irei guardá-las sempre neste estaço teu, meu, nosso... As restantes quero apagá-las..mas como te disse, a tecla do delete está avariada...e, neste momento, são essas recordações que acordam comigo e adormecem comigo...
Roubaste-me o sonho, aquele de que tantas vezes te falei. Pela frente tenho um longo caminho a percorrer - que por sinal, a estrada é um pouco sinuosa - para voltar a sonhar... Quero encontrar-me e perceber se quero partilhar contigo este sonho meu e tudo o que dele advém: as minhas expectativas, os meus receios, os meus pensamentos...
Escrevo esta carta, fechada, na minha concha... Jorram lágrimas, as últimas... Esborratam tudo o que escrevi, pensei, sonhei anteriormente...mas não apagam o que sinto agora...
Hoje, caminho só, na praia, junto à água... Olho as pegadas que deixo na areia...nem a força das ondas consegue apagá-las, removê-las..mas deixo-as, ficam para trás... Olho o mar, o horizonte, pergunto pelo amanhã..as ondas sussurram algo ao meu ouvido..não sei o quê..

Aguardo o amanhã...

Um beijo daqueles...

C.

3 comentários:

  1. :D adoro ler os teus textos...nunca te imaginei a escrever assim...mas gosto:D (e vamos ver se consigo comentar!)

    a vida é um conjunto de experiências, umas boas outras menos boas (nao as gosto de chamar más)e aprendemos com elas e penso que há sempre algo bom para recordar! Mas muito caminho ainda há pela frente e os teus sonhos nao acabam assim... a vida é feita deles, só tens que ir em frente e conquistar os teus sonhos. Apesar de ser mais facil falar que o fazer, digo-te que não caminhas sozinha na praia, estou contigo amiga sempre que precisares:D

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  2. apenas escrevo para dizer: CONSEGUI!=)

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  3. Querida C.
    Por vezes torna-se complicado traduzir os sentimentos para palavras, por isso não vou tentar, visto não estar á altura. A tua carta é uma bela tradução e uma Ode ao coração esse pedaço de nós tão apertado onde cabe tanta coisa. A criança que tenho cá dentro agride o adulto incauto que lhe fez perder o sonho e a ti o sorriso dos olhos. Acordo estes dias com o pensamento de trazer boas coisas a mim e sinto ainda capacidade para trazer boas coisas a quem me envolve.
    Dizes-me que cresceste, pois eu sei, mas eu também cresci contigo, muito mais. Um eterno obrigado, a esperança vive em mim e eu nunca te vou dizer ADEUS. Um beijo daqueles querida C

    M.

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